sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Conheça um dos poemas finalistas da Olimpíada de Língua Portuguesa - 2010

   O encanto da lagoa
 
                                          (Adolfo Si´ruipi Simisuté, 12 anos)


  
Ilustração do poema feita pelo próprio aluno.
    
Na cidade de Campinápolis
Estado de Mato Grosso
Na aldeia São Domingos
Tem algo que é um colosso.

Uma lagoa muito bela
Riqueza do povo xavante
Impossível não encantar
Com sua vista deslumbrante.

A paisagem bem colorida
Ipê roxo e amarelo
Parece nos convidar 
Pra desvendar seus mistérios.

Os turistas vêm de longe
Todos querem conhecer
 O azul da sua água
Coisa linda de se ver!



Por causa de seus mistérios
Para os índios é sagrada
Por isso é conhecida
Como “Lagoa Encantada”.


Ao seu lado uma caverna
Muito escura e profunda
Nosso povo acredita
Num portal pra outro mundo.

Quando alguém entra nela
Não sai mais de lá
Dizem que o portal
Os leva pra outro lugar.

Se é lenda ou verdade
Ninguém tem certeza
Mas talvez o seu encanto
Seja mesmo sua beleza.

                    
Adolfo, autor do poema "  O encanto da lagoa" 


         





             Adolfo é indígena xavante e cursa a 5ª série na Escola Municipal Anastácio Feliciano Alves em Campinápolis-MT.
           Ser um dos 38 finalistas da Olimpíada de Língua Portuguesa ( na categoria poemas) deste ano de 2010 deixou a comunidade "Campinapolense" cheia de orgulho.               

Parabéns Garoto, continue se esforçando!
                                                                      
                                                                            Maria Dias,
                                                                                 22/12/10

Veja imagens do encontro em Fortaleza - CE no,link abaixo:

http://escrevendo.cenpec.org.br/ecf/index.php?option=com_content&task=view&id=25518

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

        Atualmente, é impossível não fazer referência à psicanálise e conseqüentemente, Sigmund Freud, considerado o “seu genitor”, quando o assunto é educação. A tarefa de educar é um grande desafio para todos os envolvidos neste processo e a teoria de Sigmund Freud nos acompanha a todo o momento na prática diária. Por exemplo, quando deparamos com um aluno que não consegue interagir com colegas do grupo ou demonstra certa insegurança consigo mesmo, é comum usarmos a expressão “Freud explica”, desta forma, conseguimos olhar diferente e compreender muitas atitudes de nossos alunos, aparentemente, inexplicáveis.


       Através da psicanálise foi possível definir o papel do professor e do aluno no processo educacional: onde cabe ao professor compreender a subjetividade presente em cada criança, sabendo aproveitar potenciais, para daí fazer emergir o desejo de aprender. Ao aluno cabe a tarefa de ingerir, desarticular e digerir aqueles elementos transmitidos pelo professor, que se engancha em seu desejo, que fazem sentido para ele e que encontram eco na sua subjetividade de sujeito aprendiz.

      Desta forma, para se ter sucesso em sala de aula, nós professores buscamos manter sempre uma relação afetiva/positiva com os educando, compreendendo que esta atitude influencia mais do que se imagina na construção e aquisição do conhecimento pelo aluno, já que ele vai aprender com quem transmite confiança e realmente é importante para ele. Não podendo esquecer-se da dose de limite, extremamente necessária na relação professor - aluno, onde o aluno deverá receber a quantidade exata de amor e ao mesmo tempo um grau eficaz de autoridade para que possa controlar seus impulsos e consolidar o aprendizado..

       A Psicanálise nos faz compreender que cada aluno é único e tem seu tempo e forma de aprender. O reconhecimento da individualidade da criança, leva o professor compreender que não existem métodos pedagógicos que sejam uniformemente bons para qualquer criança, defendendo, desse modo, a necessidade de se ter um olhar individualizado para nossos alunos. Assim, a prática de trabalhos em grupo, tão presente na sala de aula, é extremamente importante a interação que ocorre entre os educando, já que, apresentando interesses e dificuldades diferentes, são instigadas às discussões e confronto de idéias tão necessários para a construção de seu próprio conhecimento.

      Não podemos esquecer que, com base em estudos de Freud e outros autores da área psicanalítica, as escolas passaram a trabalhar além de processos cognitivos, aspectos relacionados com a afetividade, cidadania, ética e com a sexualidade. Atualmente, a orientação sexual está sendo incluídas “timidamente” no currículo escolar, com o objetivo de satisfazer a curiosidade dos alunos para que o desejo de saber não perca, constituindo numa frustração que o acompanhará ao longo de sua vida. Segundo Freud, a curiosidade intelectual deriva da curiosidade sexual, a qual está ligada á formação da personalidade e surge antes mesmo da criança chegar à escola.

      Pode-se dizer que o pensamento freudiano contribui para com o professor, não somente para que ele aproprie do desenvolvimento mental, mas também de uma compreensão interna (insight) de suas próprias vivências, podendo acrescentar mais elementos na elaboração de programas educacionais, bem como pode significar mais um dado para a compreensão do estudante.

     Porém é preciso conscientizar que a psicanálise não pode fazer o papel de educação e não pode ser considerada salvação para todos os problemas educacionais, mas pode auxiliar na compreensão do funcionamento mental e inconsciente dos sujeitos envolvidos nesse processo.

Um abraço,
Maria Dias ; )

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O uso do DVD no contexto da escola fundamental

          Diante dos problemas do ensino e da necessidade de atrair os alunos a uma aprendizagem significativa, interessante e descontraída, surge então a proposta de fazer do vídeo e da televisão aliados do saber. Pois ambos causam nos alunos uma expectativa positiva que devemos aproveitar.
Segundo (Moran), a linguagem audiovisual desenvolve múltiplas atitudes perceptivas: solicita constantemente a imaginação e reinveste a afetividade com um papel de mediação primordial no mundo, enquanto que a linguagem escrita desenvolve mais o rigor, a organização, a abstração e a análise lógica.
         O vídeo, parte do concreto, do visível, do imediato, é como se tocássemos, presenciássemos aos acontecimentos através dos recortes visuais, do close, do som estéreo envolvente. TV e vídeo encontraram a fórmula de comunicar-se com a maioria das pessoas, tanto crianças como adultos, visto que usam linguagem simples que atingem a sensibilidade e passam a informação de modo compacto, com sínteses rápidas, apresentação variada e ilustrada, exigem pouco esforço e envolvimento do receptor, mas cativam muito a atenção e promovem facilmente a assimilação do conhecimento.
          E visto que a escola é a instituição que se propõe a facilitar essa apropriação do saber, é ela quem deve fazer pleno uso dos recursos tecnológicos existentes. Sendo assim, os professores devem se propor trabalhar o vídeo no processo educativo de modo dinâmico, criativo, interdisciplinar para oportunizar aos nossos alunos o saber e o desenvolvimento de suas habilidades e competências.
        Atualmente,torna-se necessário a integração dos meios de comunicação na escola, uma vez que estes já fazem parte do universo educativo da criança, antes mesmo que ela chegue aos bancos escolares. Pois é através da mídia, sobretudo da televisão, com a qual o DVD está intrinsecamente ligado, que a criança aprende a conhecer os outros, o mundo e a si mesma, numa relação prazerosa, sedutora e emocional (Moran, 2006).
          O DVD é um recurso acessível e presente em quase todas as escolas podendo ser explorado das mais diferentes formas: destacando as cores, movimento, fala, gesto, música, o espaço, conflito, amizade, linguagem audiovisual e pode ainda desenvolver múltiplas reações, emoções, imaginação, afetividade, ódio, etc. Além disso, cada professor, se quiser, pode documentar o que é mais importante para o seu trabalho, ter o seu próprio material de vídeo assim como tem os seus livros e apostilas para preparar suas aulas. “O professor estará atento para gravar o material audiovisual mais utilizado, para não depender sempre do empréstimo ou aluguel dos mesmos programas” (Moran 2006).
         Hegel (1972) afirma que "a vista e o ouvido são, precisamente, os sentidos adequados às manifestações puras e abstratas". Assim, o audiovisual alcança níveis da percepção humana que outros meios não. Portanto, urge à educação escolar, compreender o funcionamento desse tipo de linguagem e incorporá-la à sala de aula, explorando, pedagogicamente, suas mais diversas possibilidades de expressão. Pois estas tecnologias podem ser inserida, harmoniosamente, na escola e potencializar a aprendizagem, se forem integradas às práticas pedagógicas com vista a democratização da informação, da interação social, da socialização de experiência, da produção e disseminação de conhecimentos.
        O vídeo, sem dúvida, é um valioso recurso didático, mas não resolve os problemas crônicos do ensino-aprendizagem se for usado sem objetivo pedagógico. Como ele está ligado a um contexto de lazer e entretenimento tem que aproveitar esta oportunidade e criar uma ponte de ligação entre as várias ciências e áreas do conhecimento, permitindo que ocorra um aproveitamento interdisciplinar. Desta forma, o professor, ao incluir este recurso na sua prática pedagógica, tem que “ser criativo no planejar” e “inovar suas aulas” afim de conseguir uma aprendizagem significativa. Pois o processo educativo somente acontece quando o estudante encontra sentido naquilo que faz (GUTIERREZ, 1995).
        Ao utilizar o DVD, o professor precisa estar consciente de que “não basta apenas usar este recurso nas aulas e as aulas estarão inovadas” é necessário ter um planejamento com objetivos claros e definidos, de modo que propicie a aprendizagem mobilizadora das dimensões cognitivas, social e afetiva dos alunos. Além de tomar certos cuidados como não comentar ou pré-julgar o filme a ser exibido, pois tirará do aluno a capacidade de imaginar, interpretar, e finalmente expressarem seu ponto de vista.
        Da mesma forma que esta tecnologia pode se tornar um aliado importante para o professor aproximar a sala de aula do cotidiano, das linguagens de aprendizagem e comunicação da sociedade, bem como introduzir novas questões no processo educacional, e tornando as aulas mais reais para os alunos; O uso do DVD pode se tornar também um problema, se o professor exagerar na sua utilização ou usá-lo como tapa-buraco ou enrolação, pois as aulas se tornarão repetitivas e enfadonhas, diminuindo ou até anulando a eficácia deste recurso.
        Sendo assim, pode-se afirmar que esta mídia é riquíssima como proposta pedagógica, no sentido de ilustrar e enriquecer as aulas. Se utilizado na medida certa, é altamente motivador, para o aluno, que vê nessas possibilidades uma espécie de “fuga” dos modelos de aulas enfadonhas de “quadro-negro, explicações e anotações”, e também para o professor, que se utiliza de mais subsídios para sedimentar suas aulas e fazer delas momentos interessantes de ensino-aprendizagem.



Referências Bibliográficas


COUTINHO, Laura Maria - Aprender com o vídeo e a câmera. Para além das câmeras, as idéias...
GUTIERREZ, 1995. Relações que Geram Processos Educativos...


HEGEL, G. W. F. Estética: a idéia e o ideal. Lisboa: Guimarães Editores, 1972.


MORAN, José Manuel. “Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas”. In: MORAN, José Manuel e outros. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2006.


MORAN, José Manuel - O Vídeo na Sala de Aula...


MORAN, José Manuel - Desafios da televisão e do vídeo à escola...


MORAN, José Manuel – Propostas de Utilização do Vídeo e DVD...


WWW.eproinfo.mec.gov.br

Integração de mídias na escola

          Para integrar as mídias na prática pedagógica, não basta querer, é preciso algumas adequações urgentes e necessárias para desenvolver um bom trabalho integrando as mídias no contexto escolar.Tais como:

1. Capacitação

        Este ponto é extremamente importante porque por mais que o professor tenha vontade de incluir tecnologia e inovar suas aulas, ele precisa de formação e capacitação, para que possa inovar com qualidade, responsabilidade e coerência. Segundo Prado (2005), para que haja a integração é necessário conhecer as especificidades dos recursos midiáticos, com vista a incorporá‐los nos objetivos didáticos do professor, de maneira que possa enriquecer com novos significados as situações de aprendizagem vivenciadas pelos alunos. Assim, será capaz de redimensionar sua prática pedagógica incluindo no seu trabalho diferentes mídias e tecnologias, afim de para obter e/ou aperfeiçoar conhecimentos. Considerando que, para alcançar sucesso com o uso das mídias, os educadores precisam estar seguro para fazer o melhor uso possível dessas novas tecnologias, e alcançar o único objetivo que interessa, “uma prática educativa mais significativa”., caso contrário, seu uso resultará um fracasso. Se assim for é melhor que continue com a velha metodologia do quadro - giz - livro didático.

2. Iniciativa

         A iniciativa do educador é outro ponto importante. Para mudar, precisamos estar abertos a estas mudanças e fazer alguma coisa para que elas realmente ocorram e de forma positiva. Sendo assim, não basta ter disponibilidade de recursos, o professor tem que querer incluir este recurso na sua prática pedagógica, afim de conseguir uma aprendizagem significativa. Muitas vezes deixamos de usar um recurso tecnológico por duas razões: primeiro por que não temos total domínio de manuseio deste recurso, segundo, falta-nos humildade para pedir ajuda a quem sabe.

3. Abolir o medo da mudança

      O "novo" assusta e gera incertezas. Segundo Almeida e Fonseca Júnior,é preciso ter coragem para romper com as limitações do cotidiano. Desta forma, incluir mídias e tecnologias na prática pedagógica significa aumento de trabalho para o professor. Ele terá que ler mais, pesquisar mais, se dedicar mais. E às vezes gera uma grade insegurança para todos os envolvidos no processo de inovação. Pois antes de tudo, o professor precisa ser orientado e capacitado para lidar com o novo e se sentir seguro, para que não resulte em fracasso, o que era para ser um sucesso. Segundo Almeida, “O professor precisa saber como usar pedagogicamente as mídias, saber o quê, como, o porquê e quando usar tais recursos nos processos de ensino e aprendizagem” esta idéia atrai o “medo de errar” pelo professor que muitas vezes deixa de usar tais mídias e se atém a sua velha e segura prática pedagógica.

domingo, 8 de agosto de 2010

Internet, lugar de autoria ou de plágio?

A internet já faz parte da vida de quase todas as pessoas no mundo inteiro, mesmos as resistentes a esta mídia, não conseguirá livrar de suas garras e pedagogicamente ela pode ser muito útil, se usada com moderação e consciência, tanto por alunos quanto professores.

Fonte: colegiosaojoaoilhabela.com.br
Nela podemos encontrar informações sobre tudo e de maneira rápida. Mas com tanta facilidade ela pode se tornar um meio de plágio se não estivermos conscientes da importância de sermos autores de nossos trabalhos, defender e divulgar as nossas ideias. Por isso nossos alunos precisam estar preparados para este tipo de pesquisa. Eles precisam saber que quando copiamos a ideia de outra pessoa, na íntegra, significa “crime” e principalmente estamos afirmando que “não somos capazes”, “não temos ideias” e desta forma não há produção de conhecimento.

Sendo assim entre tantos desafios que o professor precisa vencer na sua carreira pedagógica, está o de educar o estudante para pesquisar e elaborar na internet sem cometer o plagiamento. Para tanto, além de conhecer as tecnologias, os professores devem possuir “fluência tecnológica” para que se torne um mediador e consiga fazer dela um meio de aprendizagem. Surge então a necessidade do aprender permanentemente – aprender a aprender, conforme um dos saberes de Edgar Morin.

Quando se trata de educar, o método do exemplo sempre foi o melhor ensinamento. Desta forma, portanto, professores autores podem mais facilmente forjar alunos autores. Mas esta autoria precisa ser visualizada em sua excelência e fragilidade: é excelente, no horizonte da vida como reconstrução a partir do sujeito que forja a autonomia possível e conduz seu destino relativamente; é frágil, no horizonte das realidades descartáveis, incompletas, passageiras, pois toda autoria é feita de outras, conforme dizia o cientista há muitos anos atrás, “no mundo nada se cria, tudo se transforma”.

A internet tem sido alvo de muitas críticas negativas nos dias atuais, mas tudo depende da forma que é conduzida. Os alunos precisam de orientações para saber escolher entre o certo e o errado. Segundo WITHROW( 2004), como é um mundo em geral atraente/envolvente, cheio de cantos da sereia, torna-se difícil não se perder nele. É bem mais complicado questionar o que nos fascina. Por isso, encontramos extremos recorrentes: de um lado, gente que resiste bravamente; de outro, gente que engole sem pensar.

As novas tecnologias são ambíguas como toda dinâmica histórica e natural, podendo-se fazer delas coisas importantes e deletérias. Como educadores precisamos ensinar a nós mesmos e aos nossos alunos a fazer uso desta mídia de forma construtiva e através dela compartilhar seus conhecimentos com os demais internautas. De certa forma, reter informação como se fosse vantagem é desfazer o tapete debaixo dos próprios pés, porque informação só faz sentido se compartilhada. Apropriar informação é desvalorizá-la (BENKLER, 2006; LESSIG, 2004)

Para esta mídia ser usada como produtora de conhecimento e não de plágio, o apoio docente não pode restringir-se ao desafio de formação. Precisa incluir programas públicos que facilitem o acesso a computador, manejo de internet de banda larga, o uso de softwares que promovam autoria, habilidade de construir ambientes virtuais de aprendizagem, chance de atualização permanente e assim por diante. Para tanto, é importante também a remuneração do docente, porquanto esta deveria poder facultar o consumo adequado e sempre renovado das novas tecnologias. Também é fundamental que o professor tenha acesso a elas de maneira irrestrita, para estar à altura dos direitos de aprender do aluno.

Mais que proibir ou ameaçar, é fundamental cuidar para que os estudantes aprendam a pesquisar e a elaborar com maior desenvoltura, fazendo da internet a plataforma mais à mão do manejo crítico e autocrítico da informação. Só assim ela deixará esta imagem de máquina de Xerox ou plagiamento e passará a ser uma ferramenta poderosa de autoria e, consequentemente, de produção de conhecimento.

Um abraço,
Maria Dias